1 E liú continuou:
2 “ Ouçam as minhas palavras, vocês que são sábios; escutem-me, vocês que têm conhecimento.
3 P ois o ouvido prova as palavras como a língua prova o alimento.
4 T ratemos de discernir juntos o que é certo e de aprender o que é bom.
5 “ Jó afirma: ‘Sou inocente, mas Deus me nega justiça.
6 A pesar de eu estar certo, sou considerado mentiroso; apesar de estar sem culpa, sua flecha me causa ferida incurável’.
7 Q ue homem existe como Jó, que bebe zombaria como água?
8 E le é companheiro dos que fazem o mal, e anda com os ímpios.
9 P ois diz: ‘Não dá lucro agradar a Deus’.
10 “ Por isso escutem-me, vocês que têm conhecimento. Longe de Deus esteja o fazer o mal, e do Todo-poderoso o praticar a iniqüidade.
11 E le retribui ao homem conforme o que este fez, e lhe dá o que a sua conduta merece.
12 N ão se pode nem pensar que Deus faça o mal, que o Todo-poderoso perverta a justiça.
13 Q uem o nomeou para governar a terra? Quem o encarregou de cuidar do mundo inteiro?
14 S e fosse intenção dele, e de fato retirasse o seu espírito e o seu sopro,
15 a humanidade pereceria toda de uma vez, e o homem voltaria ao pó.
16 “ Portanto, se você tem entendimento, ouça-me, escute o que lhe digo.
17 A caso quem odeia a justiça poderá governar? Você ousará condenar aquele que é justo e poderoso?
18 N ão é ele que diz aos reis: ‘Vocês nada valem’, e aos nobres: ‘Vocês são ímpios’?
19 N ão é verdade que ele não mostra parcialidade a favor dos príncipes, e não favorece o rico em detrimento do pobre, uma vez que todos são obra de suas mãos?
20 M orrem num momento, em plena noite; cambaleiam e passam. Os poderosos são retirados sem a intervenção de mãos humanas.
21 “ Pois Deus vê o caminho dos homens; ele enxerga cada um dos seus passos.
22 N ão há sombra densa o bastante, onde os que fazem o mal possam esconder-se.
23 D eus não precisa de maior tempo para examinar os homens e levá-los à sua presença para julgamento.
24 S em depender de investigações, ele destrói os poderosos e coloca outros em seu lugar.
25 V isto que ele repara nos atos que eles praticam, derruba-os, e eles são esmagados.
26 P ela impiedade deles, ele os castiga onde todos podem vê-los.
27 I sso porque deixaram de segui-lo e não deram atenção aos caminhos por ele traçados.
28 F izeram chegar a ele o grito do pobre, e ele ouviu o clamor do necessitado.
29 M as, se ele permanecer calado, quem poderá condená-lo? Se esconder o rosto, quem poderá vê-lo? No entanto, ele domina igualmente sobre homens e nações,
30 p ara evitar que o ímpio governe e prepare armadilhas para o povo.
31 “ Suponhamos que um homem diga a Deus: ‘Sou culpado, mas não vou mais pecar.
32 M ostra-me o que não estou vendo; se agi mal, não tornarei a fazê-lo’.
33 Q uanto a você, deveria Deus recompensá-lo quando você nega a sua culpa? É você que deve decidir, não eu; conte-me, pois, o que você sabe.
34 “ Os homens de bom senso, os sábios que me ouvem, me declaram:
35 ‘ Jó não sabe o que diz; não há discernimento em suas palavras’.
36 A h, se Jó sofresse a mais dura prova, por sua resposta de ímpio!
37 A o seu pecado ele acrescenta a revolta; com desprezo bate palmas entre nós e multiplica suas palavras contra Deus”.